Lentamente, a Vida no TEATRO CÂNDIDO MENDES
Lentamente, a Vida no TEATRO CÂNDIDO MENDES
César se senta em seu sofá, o coração pesado como se cada tranca na porta fosse um fardo a mais que ele precisava carregar. As luzes de Natal piscam do lado de fora, mas em sua mente, a escuridão parece prevalecer. As reflexões sobre sua vida se entrelaçam com a certeza da morte, trazendo à tona todas as memórias que ele gostaria de reviver, mas também os arrependimentos que insistem em atormentá-lo.
As árvores enfeitadas e os risos das crianças do lado de fora contrastam profundamente com a solidão que ele sente. A vida continua, mas César se pergunta se ele ainda faz parte dela. Cada tranca na porta o isola mais, uma barreira contra o mundo, mas também uma proteção contra o que teme. O afeto que já teve em seus dias de glória agora parece distante, como um eco de felicidade que não consegue mais tocar.
O diagnóstico que recebeu recentemente é uma sombra que não o deixa em paz. Mais do que uma questão de saúde, isso invade suas reflexões sobre o que significa amar e ser amado. Ele se lembra das pessoas que cruzaram seu caminho, amizades perdidas, amores que se foram e aqueles que ele nunca teve coragem de concretizar. As possibilidades que já pensou em explorar agora são fantasmas que sussurram em suas orelhas, lembrando-o do que poderia ter sido.
À medida que o relógio avança, César reflete sobre o futuro. Ele se pergunta sobre o legado que deixará, sobre as marcas que sua vida foi capaz de fazer. Sua conexão com o próximo será um espelho de seus sentimentos mais profundos: a solidão que lhe pesa, e o amor que ainda, de alguma forma, ainda luta para emergir da escuridão.
As luzes de Natal continuam a brilhar do lado de fora, insistindo em invadir sua introspecção. Ele fecha os olhos, respira fundo e permite que a nostalgia tome conta. Se a vida e a morte se entrelaçam, talvez o amor seja o que permanece, o fio invisível que conecta os momentos, as pessoas e as memórias. Mesmo que, por ora, ele esteja cercado de trancas e solidão, em seu coração, algo ainda brilha – uma esperança que, mesmo frágil, resiste.
Sábado e Domingo às 18h00 – 5 a 27 de Outubro