Lançamento de catálogo marca reta final da exposição Terra Vinga no Sesc Barra Mansa
O Sesc Barra Mansa lança, na próxima terça-feira (30), às 18h, o catálogo da exposição Terra Vinga, em cartaz até 5 de outubro. Com distribuição gratuita, a publicação reúne registros das obras e da expografia da mostra, além do texto curatorial de Joyce Delfim.
Segundo o designer gráfico Kelvin Moura, responsável pelo projeto, “a concepção gráfica do catálogo reflete o espírito da exposição ao tensionar dois registros opostos: de um lado, a dimensão fantástica evocada pela tipografia de traço rebuscado, que remete a narrativas idílicas e imaginários antigos; de outro, a dureza da exploração mineral, traduzida nas intervenções sobre o papel — manchado, marcado, amarelado, como se também ele carregasse as cicatrizes da degradação do solo”.
A programação especial do dia contará ainda com sessão de autógrafos do artista Marlon de Paula e, às 19h, uma visita guiada pela exposição, aberta ao público e sem necessidade de inscrição.
Sobre a exposição
Em cartaz desde julho, Terra Vinga, do artista mineiro Marlon de Paula, com curadoria de Joyce Delfim, propõe uma reflexão crítica e sensorial sobre os impactos da mineração e da exploração colonial no território brasileiro — um tema que ganha ainda mais força ao ser apresentado em uma cidade historicamente marcada pela presença da Ferrovia do Aço.
A mostra explora como o imaginário colonial — alimentado por mitos como o da Serra de Sabarabuçu e pelas promessas de riquezas minerais — moldou não apenas a paisagem física, mas também as estruturas sociais, econômicas e políticas do país. A exposição aborda as marcas dessa lógica extrativista, que desde o período colonial até o capitalismo industrial segue impactando ecossistemas, comunidades e modos de vida.
“Gosto de convidar as pessoas a pensar o que ‘Terra Vinga’ pode significar para elas. Faço esse jogo com a palavra ‘vingar’, tanto no sentido de vingança quanto de algo que se perpetua, que sobrevive. Como quando uma parteira reencontra uma criança que vingou. Acho importante que quem vá à exposição reflita sobre isso”, afirma Marlon.
“Em Terra Vinga, o artista Marlon de Paula evoca uma terra sujeito, mas não só. Reconhecida em seu lugar de não-recurso, Terra não só possui direitos como também revida a violência de seus algozes.”, complementa Joyce, no texto curatorial.
No conjunto de obras selecionado, o público pode ver fotomontagens, instalações, videoperformance e fotografias que combinam imagens autorais, documentos de arquivo e gravuras históricas. Entre os trabalhos estão Pulmão de Pedra, que trata dos impactos da mineração nos corpos e territórios de trabalhadores envolvidos com a atividade mineradora; Rio das Mortes, obra que remete também à importância histórica do rio como palco da Guerra dos Emboabas e de redefinições de fronteiras coloniais; e a instalação fotográfica Mil dias, que aproxima visualmente a Ferrovia do Aço e o mineroduto Minas-Rio, refletindo sobre as transformações ambientais e morfológicas provocadas por essas infraestruturas de escoamento de produção.
Apresentar a exposição em Barra Mansa potencializa ainda mais esse diálogo: a cidade, localizada no Vale do Paraíba, foi um importante entroncamento ferroviário desde o século XIX, integrando as rotas que escoavam minérios e outras riquezas do interior para o litoral. Até hoje, a linha férrea corta a malha urbana e permanece ativa, transportando sobretudo cargas industriais e minerais.
Serviço
Exposição Terra Vinga
Local: Sesc Barra Mansa — Avenida Tenente José Eduardo, 100, Ano Bom — Barra Mansa — RJ
Período de visitação: até 5 de outubro de 2025
Horário: Terça a sexta, das 10h às 20h; sábados, domingos e feriados das 10h às 17h
Entrada: gratuita
Lançamento do catálogo da exposição
Data: 30 de setembro de 2025 (terça-feira)
Horário: 18h — Início do evento / 19h — Visita guiada com o artista
Distribuição gratuita do catálogo
Marlon de Paula (artista)
É natural da região do Vale do Rio Doce (MG). Sua produção artística transita entre o universo rural e urbano, com forte atenção às dimensões ambientais, sociais e mitológicas dos territórios que habita. É mestrando em Artes Visuais pela EBA/UFMG. Artista premiado, recebeu o XVI Prêmio Funarte Marc Ferrez (2021), o 4º Prêmio Décio Noviello de Fotografia (2023), e foi selecionado pelo 9º Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger (2023). Participou de residências artísticas no Brasil e na França
Joyce Delfim (curadora)
É pesquisadora e curadora. Doutoranda em Artes Visuais pela UFBA, mestre em Estudos Avançados em História da Arte pela Universidade de Salamanca e bacharel em História da Arte pela UERJ. Suas investigações acadêmicas e curatoriais articulam arte contemporânea, território, ecologia e crítica infraestrutural a partir de perspectivas pluridisciplinares. Realizou curadorias em instituições como o Paço Imperial (RJ), Casa Fiat de Cultura (BH), Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica (RJ), Palácio das Artes (BH), entre outras.









