INSETOS – TEATRO FIRJAN SESI CAXIAS
Com texto de Jô Bilac e adaptação da Cia. dos Atores e de Rodrigo Portella, “Insetos” traz uma reflexão pertinente sobre as questões sociais e políticas contemporâneas, utilizando as relações encontradas na natureza. O espetáculo traz quatro fundadores da companhia no elenco: Cesar Augusto, Marcelo Olinto, Marcelo Valle e Susana Ribeiro.
Repetindo a parceria de sucesso de “Conselho de Classe” (2014), Jô Bilac propôs dar voz aos insetos neste novo espetáculo do grupo. São 12 quadros que se entrelaçam formando a narrativa, na qual o autor fala sobre medo e manipulação. Como uma fábula, o texto traça paralelos entre a natureza e questões políticas e sociais da atualidade, evocando comportamentos coletivos e individuais que são revelados na voz de diferentes insetos: cigarra, gafanhoto, barata, louva-a-deus, besouro, mariposa, borboleta, mosquito, cupim e formiga, entre outros.
Em cena, uma situação de êxodo gera um desequilíbrio imenso na natureza. Há escassez, tirania e guerra. O colapso está instaurado. Os gafanhotos tentam destruir tudo, mas se veem diante de uma nova ordem imposta pelo louva-a-deus. Nesse universo, o olhar sobre o humano ganha uma nova perspectiva, atravessada pela realidade dos insetos.
“O Jô usa os insetos na dramaturgia em analogia com personagens da nossa história, situações que estamos vivendo atualmente. Temos figuras do poder, estratos sociais, mas sem uma nomeação direta”, explica Susana Ribeiro.
“Queremos usar desequilíbrios da natureza como espelho da sociedade”, comenta Cesar Augusto.
Com cenário de Beli Araújo e Cesar Augusto, o espaço cênico é ocupado por pneus, que criam diferentes quadros para as cenas. Os figurinos de Marcelo Olinto trazem referências ao universo dos insetos, como asas e antenas, mas não são a representação fiel desses bichos.
“Essa peça me permite trabalhar o lugar do atrito entre o cômico e o trágico, refletido no estado de guerra proposto pelo texto. Trabalhamos entre o universo microscópico e invisível dos insetos e o nosso universo”, diz Rodrigo Portella.
Para a premiada e consagrada Cia. dos Atores, o espetáculo é também uma celebração.
“Em cena, temos mais de 30 anos de convívio. Nos conhecemos bastante e já sabemos o que esperar do outro. Temos muito menos atrito. Olhamos um para o outro em cena e nos reconhecemos”, diz Marcelo Valle.
“Acho que uma palavra que nos definiria seria inquietação. E uma das coisas boas é que nos colocamos o desafio de trabalhar com pessoas novas, como o Rodrigo (Portella), que é de outra geração. Essa inquietação e disponibilidade para o novo nos acompanha desde 1988”, completa Marcelo Olinto.
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