Galeria de Arte Solar abre mostra de Marcos Cardoso
A Galeria de Arte Solar, no Pavão-Pavãozinho, abre a exposição “O tempo das coisas”, de Marcos Cardoso. Com curadoria de Adriana Nakamuta, a mostra permite visualizar diferentes momentos da trajetória do artista, conhecido pela genialidade de transformar objetos banais em obras que causam espanto e encantamento.
A individual reúne 12 trabalhos feitos de bambolês, palitos de fósforo, rótulos de produtos, camisetas e sacolas, fazendo refletir também sobre a abundância e a escassez, em tempos emergência climática. A mostra vai de 30 de outubro até 6 de dezembro, com entrada franca. A Galeria de Arte Solar é uma instituição sem fins lucrativos, que funciona dentro do Solar Meninos de Luz, com patrocínio do Belmond Copacabana Palace e Estácio, através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura (ISS RJ).
A exposição começa do lado de fora da galeria, com uma grande instalação multicolorida com aproximadamente dois mil bambolês e sete mil braçadeiras, que lembra a obra exposta no Jardim das Esculturas na última ArtRio, e na fachada do Shopping Leblon, em 2022. No interior, estarão quatro maquetes visuais, formadas por milhares de palitos de fósforo, encaixados, sem uso de cola (de 1,10 m X 0,70 X 0,40 m) – trabalho exposto no MAM, em 2013. Há também um cobogó, feito com palitos de picolé (0,20 X 0,20 m); além de uma pintura expandida, feita com rótulos de produtos e outras com sacolas de butique, batizadas como Aluízio Carvão, Ligya Pape, artistas neoconcretos do Grupo Frente.
Outra obra, também exposta na ArtRio, traz 350 corações feitos com camisetas, além de quadros geométricos também feitos de bambolês. “É a primeira vez que faço uma exposição assim. Normalmente exponho o resultado de uma pesquisa, com o uso de determinados materiais. Dessa vez, é como se fosse uma coletiva de mim mesmo, uma coleção de diferentes pesquisas”, revela o artista, com prêmios em bienais internacionais, obras em relevantes acervos ao redor do mundo e um extenso currículo de exposições.
Segundo a curadora, quando Marcos Cardoso usa um objeto simples do cotidiano para produzir um objeto de arte, ele nos estimula a uma reflexão com muitas camadas de interpretação. “Sua obra se estende desde o reconhecimento da utilidade do objeto em si, como seu descarte posterior, numa reconfiguração simbólica que conecta diferentes tempos e espaços”, explica Adriana Nakamuta. “A construção da obra de Marcos Cardoso é uma maneira de rir da adversidade e propor a reinvenção contínua do real. Uma lição ética em uma época de obsolescência e consumo exagerados”, escreveu Luiz Camillo Osorio.
A Galeria Solar Meninos de Luz trabalha para que pessoas das mais diversas origens, crenças e poder aquisitivo tenham contato com a arte em sua diversidade de suportes, formatos, técnicas e narrativas. Seu objetivo é ajudar a democratizar o acesso à cultura e à educação, aproximando o público de comunidades cariocas ao universo da arte. “Essa mostra é um presente para a escola, para o PPG (Pavão-Pavãozinho e Cantagalo) e para a cidade. É uma forma de encerrar o Mês das Crianças de uma forma lúdica, alegre, colorida, poética e com muita reflexão”, diz Matilde Marie Pereira, produtora executiva da galeria.









