Finalista em quatro categorias do Prêmio PRIO de Humor 2024, a comédia ‘Insucessos de uma vida quase adulta”, que mescla ficção e situações da vida real, está de volta aos palcos cariocas
Com direção de Stella Maria Rodrigues, o monólogo com Bia de Queiroz fará apenas três apresentações, nos dias 6, 13 e 20 de julho, no Teatro Candido Mendes, em Ipanema. Em cena, com pitadas de humor e emoção, uma jovem atriz relata as dificuldades de se destacar na carreira. Bia também é a autora da peça
Finalista do Prêmio PRIO de Humor 2024, nas categorias Texto, Performance, Espetáculo e Direção, a comédia “Insucessos de uma vida quase adulta”, com a atriz Bia de Queiroz, está de volta aos palcos cariocas. Sob a direção de Stella Maria Rodrigues, o monólogo fará somente três apresentações, nos dias 6, 13 e 20 de julho, no Teatro Candido Mendes, em Ipanema, bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro. Essa nova e curtíssima temporada do solo acontece logo depois de ter recebido as indicações para o importante Prêmio PRIO de Humor (idealizado pelo ator e humorista Fábio Porchat), em março deste ano. Para Bia, foi uma grande surpresa ter concorrido. Pois “Insucessos” foi o seu primeiro trabalho como atriz profissional, após se formar na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), em 2018. “Foi inesperado e muito gratificante. Até agora eu sinto como se tivesse sido um sonho, eu me sentia fora da realidade concorrendo com Eduardo Sterblitch, Flávia Reis, Fernando Caruso, Otávio Muller e mais outros artistas tão renomados e com anos de experiência. Essas indicações da peça ao prêmio foram muito importantes para mim, porque me deu um gás para eu continuar a jornada com esse espetáculo”, comemora ela, que também assina o texto. O público poderá conferir a comédia apenas aos sábados, às 20h.
Cerca de 1 ano atrás, o espetáculo estreou no próprio Cândido Mendes e foi sucesso de bilheteria, com a lotação esgotada por três meses. De volta ao teatro onde deu o seu pontapé inicial – só que dessa vez em horário nobre -, a peça, que mescla situações reais e fictícias, conta a história da personagem Elena Ribeiro, uma atriz de 25 anos, que não consegue se entender bem como adulta. Ela quer dar certo como atriz, mas se sente fracassada por não passar em nenhum teste e não conseguir nenhum trabalho com relevância como atriz.
A trama faz a diretora Stella Maria Rodrigues lembrar de fases difíceis que passou em sua carreira. “Eu não conhecia a Bia antes da peça. O nosso encontro foi e tem sido muito especial. Eu tenho 57 anos; ela, 27 Já passei por tantos momentos na vida em que pensei em desistir… assim como Elena. Foi um processo (dirigir a peça) suave, divertido, emocionante. Acho que tudo isso reflete no espetáculo”, diz a renomada Stella, que tem na bagagem inúmeros sucessos na TV, no cinema e no teatro, em seus 33 anos de trajetória. Recentemente, esteve no ar na novela “Cara e coragem”, da TV Globo. Entre os espetáculos em que atuou: “Alzira Power”, “O Abre Alas – 150 anos de Chiquinha Gonzaga”; “Cole Porter, ele nunca disse que me amava”; “Emilinha” e muito mais. No cinema, destaque para o filme “Minha mãe é uma peça 3”, do saudoso Paulo Gustavo.
Como nasceu a ideia do espetáculo
Segundo Bia, o texto nasceu de suas próprias angústias. “Eu me sentia muito fracassada porque eu via as pessoas no Instagram sendo felizes e conseguindo trabalhos e eu comecei a me comparar com elas. Então decidi parar e escrever minha própria história e começar a dirigir o meu próprio ‘carro’ porque eu sabia que ninguém ia abrir as portas para mim. A peça é uma autoficção. Nada é totalmente verdade nem totalmente mentira. Eu misturei minhas próprias vivências e fui adaptando de acordo com a trajetória da personagem na peça”, explica Bia, de 26 anos, que é de Campos dos Goytacazes.
O ponto de partida da trama acontece num teste para uma série, em que Elena chega atrasada e toda molhada de chuva. A diretora, que a aguardava, pede para ela contar alguma coisa de sua vida. A partir daí Elena revela os fracassos/insucessos mais marcantes dos 19 aos 25 anos. Em tempo: embora a peça aborde temas dessa transição tão confusa e intensa, chamada adolescência, não é destinada ao público teen e, sim, ao público em geral, a partir dos 12 anos, como Bia faz questão de frisar:
“As pessoas se identificam muito. E pessoas de todas as idades. Eu percebo que elas se sentem acolhidas, tipo ‘não sou o único que me sinto fracassado’. Rola uma identificação com o universo quase adulto de Elena e uma admiração também pela coragem dela em revelar e escancarar seus insucessos numa sociedade onde só o que fazemos é fingir que estamos bem o tempo todo”.
O espetáculo ainda conta com as participações especialíssimas, com vozes em off, de Cininha de Paula, Heloísa Périssé, Renata Ghelli, Marya Bravo, Gottsha, Kakau Gomes, Claudia Ricart e Jou Luis Fernando. E na ficha técnica, a iluminação fica a cargo de Paulo César Medeiros, com quase 40 anos de carreira e com mais de mil projetos de iluminação realizados. Destaca-se a partir dos anos 80, como parceiro constante dos diretores Bibi Ferreira, Márcio Vianna, Gilberto Gawronski, Charles Möeller e Cláudio Botelho, Amir Haddad, João Fonseca, João Falcão, Flavio Marinho, Miguel Falabella, Rodrigo Portella, entre tantos outros.
Sobre Bia de Queiroz
Começou a fazer teatro com 14 anos, na Cia de Arte Persona, em Campos. Com 17, fez parte do grupo americano de teatro em Telluride: Young People ‘s Theater, dirigido por Jennifer Julia. Com 19 anos começou o Curso Profissionalizante de Teatro na CAL e formou-se em 2018. Trabalhou em “Yerma”, dirigido por Antônio Gilberto; e em 2019, protagonizou um texto inédito infanto-juvenil, de Renata Mizrahi, o “Vira vira volta”, dirigido por Marcos França. E também em 2019, começou a escrever “Insucessos de uma vida quase adulta”. Em 2021, voltou para CAL, para o Bacharelado em Artes Cênicas, concluído em 2022, com a apresentação da peça “Despertar”, dirigida por César Augusto. Em seguida começou a ensaiar o seu monólogo “Insucessos de uma vida quase adulta”, que estreou em março de 2023, no Teatro Cândido Mendes, celeiro de novos talentos nas décadas de 80 e 90. A peça ficaria apenas um mês em cartaz, mas, devido ao sucesso de bilheteria, teve a temporada prorrogada duas vezes, e ocupou o teatro por três meses.