Espetáculo CAMBONE, de João Petronílio, ocupa o Rio com dança afro-brasileira

CAMBONE, na Umbanda, é aquele que guia o outro — de olhos fechados — rumo ao invisível, garantindo a organização e fluidez dos trabalhos rituais. E é também o título do espetáculo-intervenção construído a partir de jogos de improvisação, travessias e coreografias que atravessam a rua, o espaço, a dança e a voz. São ações corporais que evocam rituais de cuidado com o outro e com o ambiente: gingas, quedas, carregadas, vibrações, circularidades, repetições, respirações vocalizadas. Corpos negros dançam benzendo as ruas, cantam em reverência às encruzilhadas e convocam a cidade a pulsar num ritual coletivo — danças de dois, danças de mil.

Criado em 2022, CAMBONE é um espetáculo duo de dança contemporânea que nasceu como desdobramento estético-corporal da pesquisa de mestrado de João Petronílio — coreógrafo e diretor geral — no Programa de Pós-Graduação em Dança da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia. A pesquisa segue em doutoramento  no Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas da Escola de Comunicação e Arte da Universidade de São Paulo. Em seu ano de estreia, a intervenção urbana, coreografada e dirigida por João Petronílio e dançada por ele mesmo, junto de Wellington Julio, circulou por diversas cidades baianas, como Salvador, Ilhéus, Itacaré e Taboquinhas, integrando a programação do Festival Internacional de Dança de Itacaré, com apoio do Fundo de Cultura do Governo da Bahia. Também esteve presente no 25º Festival de Dança do Recife (PE), com incentivo do Fundo de Cultura local.

Em 2023, em diálogo direto com a investigação teórico-prática da pesquisa, CAMBONE ocupou a passarela da Avenida Brasil (RJ) como parte do “Festival Brasil: Avenida de Possibilidades”, promovido pelo Galpão Bela Maré e pelo Observatório de Favelas, com apoio da Secretaria de Economia Criativa do Estado. No mesmo ano, a obra também passou pelo centro de São Paulo em produção independente.

A obra, que segue se consolidando como um campo de experimentação em que teoria e prática se entrelaçam de forma indissociável, através do edital nacional SESC PULSAR, categoria “Dança e Urbanidades”, ocupa agora as unidades do SESC Tijuca, Niterói, Copacabana e Arte Sesc com cinco ações — quatro intervenções e uma oficina — entre os dias 20 e 24 de maio.

CAMBONE segue abrindo caminhos onde corpo, cidade e memória dançam juntos — em rito, resistência e reinvenção do agora.