
CCBB apresenta a mostra gratuita O Cinema de Hirokazu Kore-eda
Chega ao Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro a primeira grande retrospectiva do cineasta japonês Hirokazu Kore-eda no Brasil
Um panorama com 29 obras, incluindo documentários e filmes inéditos, de um dos mais aclamados e premiados diretores contemporâneos
Debates e curso também estão na programação da mostra, que é toda gratuita
A mostra inédita O Cinema de Hirokazu Kore-eda traz para o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro um panorama da trajetória do prestigiado diretor japonês, premiado em diversos festivais internacionais. Será apresentada uma seleção de 29 obras, com curadoria de Raquel Gandra, que inclui desde seus primeiros trabalhos para a TV, nos anos 90, até seus últimos longas e um curta-metragem, realizado em 2025. O público terá a chance de assistir filmes inéditos, documentários, obras emblemáticas e as raras produções realizadas fora do Japão. Uma oportunidade imperdível de acompanhar o processo de amadurecimento do diretor e questões sociais que atravessam três décadas de mudanças culturais. A mostra tem entrada franca e os ingressos podem ser retirados na bilheteria ou no site do CCBB (bb.com.br/cultura), no dia de cada sessão, a partir das 9h. O projeto, com patrocínio do Banco do Brasil, estreou no CCBB Brasília e segue para o CCBB São Paulo nos próximos meses.
O cinema de Kore-eda é, ao mesmo tempo, delicado e comprometido com o exame dos mais dolorosos e genuínos afetos humanos, com um estilo de direção discreto e minucioso em sua simplicidade. Além da direção, Kore-eda assina o roteiro e a montagem da maioria dos seus filmes, o que destaca a sua inteligência e os mecanismos de sua linguagem cinematográfica. Ele gravou um vídeo, que estará nas redes sociais do CCBB e da Firula Filmes, produtora da mostra, convidando o público da mostra a assistir mais de um filme – “com sorte, espero que encontrem ao menos um filme que realmente gostem. Ficarei muito feliz se isso acontecer. E que possamos um dia nos encontrar aí no Brasil”.
Para Raquel Gandra, a ideia dessa retrospectiva surgiu pelo encantamento pela obra de Kore-eda, por entendê-la como um ponto de luz em meio aos tempos atuais sombrios de tanto ódio, discórdia e polarização. “Estamos muito habituados, seja pelos discursos políticos e religiosos, seja pelas narrativas típicas do cinema mainstream a querer encontrar vilões, vítimas e heróis. É sempre mais fácil se posicionar numa história quando temos por quem torcer. Kore-eda é um diretor que está constantemente questionando esses nossos posicionamentos éticos e morais, nos colocando em contato com personagens cheios de falhas e traumas, mas por quem é quase impossível não criar algum tipo de vínculo ou empatia”, comenta a curadora.
Nascido em Tóquio em 1962, Hirokazu Kore-eda foi criado em uma sociedade tradicional, patriarcal e conservadora. O diretor acompanha a recente turbulência política e estagnação econômica do Japão, a emergência do documentário contemporâneo, as mudanças na família e a perda dos vínculos sociais. Em seus filmes, assume o desafio de colocar em relevo as contradições e ambiguidades da cultura e de nos fazer perceber que mesmo uma sociedade rica e avançada tecnologicamente depende de valores e afetos que têm origem na vida comunitária.
A retrospectiva apresenta todos os filmes dirigidos por Kore-eda para o cinema. Serão exibidos títulos como a sua estreia na tela grande – Maborosi – A Luz da Ilusão (1995), baseado no romance original escrito por Miyamoto Teru, que ganhou o Osella de Ouro do Festival de Veneza; Depois da Vida (1998), seu primeiro grande sucesso internacional; Ninguém Pode Saber (2004), pelo qual Yagira Yuya se tornou a pessoa mais jovem a receber o prêmio de Melhor Ator do Festival de Cannes; Pais e Filhos (2013), um sucesso de bilheteria que venceu o Prêmio do Júri do Festival de Cannes e o Prêmio do Público da Mostra de São Paulo; um dos seus filmes mais conhecidos no Brasil, Assunto de Família (2018), que ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes e o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no Festival de Veneza, entre muitos outros, além de ter sido indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro; e, seu mais recente longa-metragem, Monstro (2023), que conta com a última trilha sonora criada por Ryuichi Sakamoto, a quem o filme é dedicado.
A mostra também apresenta os filmes que Kore-eda dirigiu fora do Japão, como A Verdade (2019), produzido na França, com as estrelas Catherine Deneuve e Juliette Binoche, que abriu o Festival de Veneza. E, ainda, um curta-metragem publicitário (A Raia Central, 2021) e outro feito com um aparelho de celular (Última Cena, 2025); além de O Mundo de Acordo com Hirokazu Kore-eda (2013), um ensaio dirigido por Kogonada sobre os filmes de Kore-eda, entre outras obras
“O cinema dele nos aproxima do outro, em especial, aqueles que são alvo de preconceitos. Ele faz isso com delicadeza e riqueza de detalhes, focando em situações cotidianas e banais”, conclui Raquel Gandra curadora.
Atividades extras
A mostra O Cinema de Hirokazu Kore-eda promoverá um debate, no dia 8 de agosto (sexta), às 18h30, com a curadora Raquel Gandra e os professores João Luiz Vieira e Andréa França. O debate terá tradução para Libras.
O pesquisador Hernani Heffner ministrará o curso “O Cinema de Hirokazu Kore-eda”, nos dias 30 de julho a 1º de agosto (quarta a sexta), das 14h às 17h. Nas três aulas, Hernani percorrerá a obra de Kore-eda, dos documentários para TV aos longas que o colocaram como um nome de destaque do cenário contemporâneo, discorrendo também sobre suas influências dentro e fora do cinema japonês. Para participar do curso basta retirar o ingresso na bilheteria ou no site do CCBB RJ, no dia de cada aula, a partir das 9h.
Será realizada ainda uma sessão inclusiva, com audiodescrição e Libras, de Assunto de família, no dia 2 de agosto (sábado), às 15h.
Sobre o CCBB RJ
Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro marca o início do investimento do Banco do Brasil em cultura. Instalado em um edifício histórico, projetado pelo arquiteto do Império, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva, é um marco da revitalização do centro histórico da cidade do Rio de Janeiro. São 35 anos ampliando a conexão dos brasileiros com a cultura com uma programação relevante, diversa e regular nas áreas de artes visuais, artes cênicas, cinema, música e ideias. Quando a cultura gera conexão ela inspira, sensibiliza, gera repertório, promove o pensamento crítico e tem o poder de impactar vidas. A cultura transforma o Brasil e os brasileiros e o CCBB promove o acesso às produções culturais nacionais e internacionais de maneira simples, inclusiva, com identificação e representatividade que celebram a pluralidade das manifestações culturais e a inovação que a sociedade manifesta. Acessível, contemporâneo, acolhedor, surpreendente: pra tudo que você imaginar.
Programação completa em; bb.com.br/cultura
16/07/25 a 11/08/25